Dependência Emocional
- Thaís Souza
- 12 de set. de 2024
- 2 min de leitura

A dependência emocional é um fenômeno no qual uma pessoa busca excessivamente o afeto, validação e segurança no outro, muitas vezes a ponto de sacrificar sua autonomia e bem-estar. Isso pode resultar em relacionamentos desequilibrados, nos quais o dependente emocional coloca suas necessidades emocionais nas mãos de outra pessoa, perdendo a capacidade de se autorregular emocionalmente. Esse tipo de dependência frequentemente surge de inseguranças, baixa autoestima, medo do abandono e, em muitos casos, de padrões de apego formados na infância.
Na clínica fenomenológica existencial, a abordagem da dependência emocional não é vista como um transtorno a ser "corrigido", mas como uma forma de ser-no-mundo que reflete uma busca por sentido e conexão. A fenomenologia existencial, influenciada principalmente por filósofos como Heidegger e Merleau-Ponty, propõe que a experiência humana deve ser compreendida em seu contexto total, e que os sentimentos de dependência emocional revelam questões existenciais mais profundas.
O processo terapêutico nesse enfoque visa ajudar o paciente a tomar consciência de suas escolhas e da forma como ele se relaciona com o outro e com o mundo. A dependência emocional é vista como uma forma de lidar com a angústia existencial, o medo da liberdade e a incerteza inerente à condição humana. Em vez de tentar "consertar" a dependência, a terapia busca explorar o que essa dependência significa para a pessoa, como ela se constitui em sua experiência vivida e quais são as possibilidades de viver de maneira mais autêntica.
Alguns pontos-chave no tratamento da dependência emocional na clínica fenomenológica existencial incluem:
Consciência e responsabilidade: O paciente é encorajado a reconhecer a sua própria responsabilidade pelas escolhas que faz em seus relacionamentos. Isso não significa culpar a pessoa por sua dependência, mas ajudá-la a ver que, em algum nível, ela está escolhendo seguir esse caminho, mesmo que inconscientemente.
Exploração da angústia: O terapeuta trabalha com o paciente para explorar os sentimentos de angústia e insegurança que alimentam a dependência emocional. Esses sentimentos são vistos como parte da condição humana e, ao aceitá-los e compreendê-los, o paciente pode encontrar novas maneiras de se relacionar com o outro.
Autenticidade: A terapia busca ajudar o indivíduo a se reconectar com sua própria autenticidade, ou seja, viver de acordo com suas próprias necessidades, desejos e valores, em vez de se moldar às expectativas do outro para garantir afeto e validação.
Reconhecimento da finitude: O enfoque existencial também trabalha com a noção de finitude e a aceitação de que o outro não pode suprir todas as necessidades emocionais. A partir dessa compreensão, o paciente pode aprender a construir um relacionamento mais equilibrado, sem expectativas irreais de fusão ou completa dependência.
A clínica fenomenológica existencial oferece um espaço de escuta e reflexão profunda, onde a dependência emocional é compreendida em sua totalidade, e o paciente é incentivado a encontrar novos modos de ser e de se relacionar com o mundo de forma mais livre e autêntica.
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