Mas, afinal, o que é Fenomenologia Existencial?

Este é u,m texto que já era para eu ter escrito há muito tempo. Mas tudo bem. Vamos lá:

O que é Fenomenologia Exstencial?

A fenomenologia existencial é uma corrente filosófica que combina aspectos da fenomenologia e do existencialismo para explorar a experiência humana, o ser e o significado da existência. Ela procura entender a maneira como os indivíduos vivenciam o mundo, atribuem sentido às suas experiências e se relacionam com os outros e consigo mesmos.

1. Fenomenologia: Foco na Experiência Direta

A fenomenologia, criada por Edmund Husserl, é uma abordagem que se concentra em descrever a experiência direta e imediata das coisas "como elas se mostram" na consciência, sem recorrer a interpretações pré-concebidas. Ela se preocupa em explorar o modo como os fenômenos aparecem à mente, ou seja, como as coisas são vividas por nós, em sua pura essência.

Para Husserl, era importante "voltar às coisas mesmas", o que significa focar na experiência antes de qualquer interpretação teórica, buscando descrever fielmente como o mundo se apresenta a nós em sua realidade vivida.

2. Existencialismo: Foco no Ser e na Liberdade

O existencialismo, representado por pensadores como Jean-Paul Sartre, Martin Heidegger e Simone de Beauvoir, preocupa-se com questões relacionadas à existência humana, à liberdade, à angústia e à responsabilidade individual. A ênfase está na condição de que o ser humano é radicalmente livre, mas também condenado a essa liberdade, ou seja, cada pessoa é responsável por dar sentido à própria existência, em um mundo que, a priori, não oferece sentido algum.

O existencialismo afirma que a existência precede a essência, ou seja, os seres humanos primeiro existem e, ao longo da vida, constroem sua essência através de suas escolhas, ações e interações com o mundo.

3. Fenomenologia Existencial: A União dos Dois Campos

A fenomenologia existencial une essas duas tradições. Ela tenta descrever as experiências humanas a partir de uma perspectiva existencial, explorando como as pessoas vivenciam sua liberdade, suas responsabilidades e as angústias de existir em um mundo incerto e imprevisível.

Alguns pontos centrais da fenomenologia existencial incluem:

• Ser-no-mundo: Conceito de Heidegger, que descreve o ser humano não como um observador separado do mundo, mas como alguém sempre envolvido nele. O ser humano é inseparável de seu contexto, e sua existência está entrelaçada com o mundo ao seu redor.

• Corpo vivido: Para Merleau-Ponty, o corpo não é apenas um objeto físico, mas o meio pelo qual vivemos e experimentamos o mundo. O corpo é o ponto de conexão entre a subjetividade (nossa consciência) e o mundo exterior.

• Liberdade e responsabilidade: Para Sartre, os seres humanos são radicalmente livres e responsáveis por suas escolhas, mas essa liberdade muitas vezes traz angústia, pois significa que somos responsáveis pelo sentido que damos às nossas vidas.

• Alteridade e o Outro: As interações com o "outro" (as outras pessoas) são fundamentais para a nossa autocompreensão. O olhar do outro pode tanto nos reconhecer quanto nos objetificar, como descrito por Sartre. A relação com o outro é crucial para entender nossa própria liberdade e limites.

Aplicações da Fenomenologia Existencial

A fenomenologia existencial tem aplicações em diversas áreas:

• Psicologia e Psicoterapia: Utilizada para compreender como as pessoas atribuem sentido às suas experiências, suas crises existenciais, medos, angústias e o impacto das relações interpessoais. A terapia fenomenológico-existencial se concentra em ajudar o indivíduo a compreender e lidar com sua existência no mundo, sua liberdade e responsabilidade.

• Educação: Essa abordagem pode ser usada para entender como os alunos vivenciam o processo de aprendizado e como o contexto social e cultural influencia suas percepções e experiências.

• Filosofia: Continua sendo um campo central de estudo para aqueles interessados em questões profundas sobre o ser, a liberdade, a morte e a autenticidade.

Conclusão

A fenomenologia existencial busca investigar como vivenciamos nossa existência de maneira imediata e direta, enquanto estamos imersos no mundo e em nossas relações com os outros. Ao integrar as ideias fenomenológicas de descrição da experiência com a ênfase existencial na liberdade e responsabilidade, essa abordagem oferece uma maneira profunda de entender a vida humana, as angústias e as possibilidades de ser no mundo.